terça-feira, 23 de junho de 2009

parábola pós ponderação

Paro para parecer
proposital a perda
de paradigmas
precipitados na
apropriação da
primeira prática
proibida. É possível
que se possa ser
passional com a
pessoa pressionada
à passear na passagem
do pensamento pulsante.
Pondo uma ponte
diante dessa gente
pendurada
ponta à ponta
pinta-se um pêndulo
ponderador de pancadas.

GARIMPO LITERÁRIO

a caneta

deu o sangue
por esses versos
descartáveis


Líria Porto

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Questionamentos poético-adolescentes

E eu, que já não tinha pernas

me sinto parada

Que já não tinha mãos

faço quase nada

Que já não tinha olhos

vista embaçada

- Vivo pra não morrer.


E eu, que já não tinha amigos

ando solitária

Que já não tinha mãe

nem imaginária

Que já não tinha amor

vivo de migalhas

- Choro pra não sofrer.


E eu, que já não tinha fé

perdi a esperança

Que já não tinha laços

quis fazer vingança

Que já não tinha passos

a solidão me alcança

- Ando pra não correr.


E eu, que já não tinha a mim

perdi meus ideais

Que já não tinha sonhos

dores tão reais

Que já não tinha planos

vidas marginais

- Escrevo pra não esquecer.


poema escrito aos 17 anos
- e eu não esqueci.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

DE LÁ PRA CÁ

Tierras Altas,
2006

Todo poema acota un espacio
y lo funda, baliza un territorio.
Aquíla altura es páramo
y remanso —los hombres callan— pero
el agua baja de los montes y su voz
desnudándose al aire me traspasa. Muchos
aquí se van y pocos
vuelven, los que se quedan vagan
como espectros rulfianos pero
su corazón sin catastrar ignora
la prisa y los registros. Aquí
los frutos son de otoño y cuando
llegan, porque las casas dan
al invierno y la flor se desploma
en ruina al pasmo de las noches
en pueblos sin escuela ni tabernas. Pero
todavía en algunos
es virtud la templanza y no se pierde
el hombre por el lucro o la apariencia. Estos
son los dominios del silencio. El tiempo
aquí se para. Y me traduce.


Fermín Herrero, Soria/España, 1963
Disponível em:

segunda-feira, 8 de junho de 2009

GARIMPO LITERÁRIO

Deus

Já faz tempo que desacreditei em Deus.
No entanto, nunca esteve tão longe
como só o que existe pode estar.
E por assim ter a distância,
abre-me a falta Dele ao peito.
Sei de explicações psicológicas, antropológicas,
li Levis Strauss,
mas o encanto faz-me viva.
Deus não será isso mesmo,
Nossos espíritos imaginando?


Elaine Pauvolid

quinta-feira, 4 de junho de 2009

COMO DIRIA CASSIANO RICARDO...

a rua

Bem sei que, muitas vezes,
o único remédio
é adiar tudo.
É adiar a sede, a fome, a viagem,
a dívida, o divertimento,
o pedido de emprego, ou a própria alegria.
A esperança é também uma forma
de contínuo adiamento.
Sei que é preciso prestigiar a esperança,
numa sala de espera.
Mas sei também que espera significa luta e não, apenas,
esperança sentada.
Não abdicação diante da vida.

A esperança
nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da
espera.

Nunca é a figura de mulher
do quadro antigo.
Sentada, dando milho aos pombos.