sábado, 24 de maio de 2008

COMO DIRIA HILDA HILST...

Araras versáteis

Araras versáteis. Prato de anêmonas.
O efebo passou entre as meninas trêfegas.
O rombudo bastão luzia na mornura das calças e do dia.
Ela abriu as coxas de esmalte, louça e umedecida laca
E vergastou a cona com minúsculo açoite.
O moço ajoelhou-se esfuçando-lhe os meios
E uma língua de agulha, de fogo, de molusco
Empapou-se de mel nos refolhos robustos.
Ela gritava um êxtase de gosmas e de lírios
Quando no instante alguém
Numa manobra ágil de jovem marinheiro
Arrancou do efebo as luzidias calças
Suspendeu-lhe o traseiro e aaaaaiiiii...
E gozaram os três entre os pios dos pássaros
Das araras versáteis e das meninas trêfegas.

sábado, 17 de maio de 2008

Clarispectorando

um
silêncio
de
dar

( )
in-
cêndio
no
des... viu?
( )
antigamente eu era eu mesma.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

GARIMPO SEMANAL

Poema Frio

Inverno
inaugurou hoje
não no calendário,
que lá inda é outono,
mas no ano
no dia
na pele.

Inverno
invadiu o ar
que chora
uma chuva
molhada
chuva de inverno
molha até os papéis
(os que estão
nas gavetas)

Inverno
chove triste
molha a roupa
molha o corpo
molha os ossos
chora o dia
até virar noite

Inverno
encharca
as calçadas,
emboscado
embaixo das lajes,
alagando frieiras,
penetrando por
insuspeitos
buracos no sapato.

Inverno
triste e cinzento
como o dia
como a cidade
como o mofo
das paredes
e da alma
das pessoas

Se o inferno
fosse frio,


seria inverno


Autor: Renato de Mattos Motta

quinta-feira, 1 de maio de 2008

caça-palavras