quarta-feira, 16 de abril de 2008

and the oscar goes to...

Eu vou escrever um discurso para o bem
de todos. Vou celebrar toda uma Nação,
e Estados miniaturas da África,
da Europa e da Ásia - vou disseminar o vírus poético-
caótico no Azerbaijão. Em francês, une chanson triste
para os corações empedrados - leite em pó violado:
os ratos esperam seus restos – Oh, Imortais
da Literatura, eis mais um prêmio - o derradeiro,
o sentenciador - o mais perfeito é deixado para o final:
a Morte!

terça-feira, 8 de abril de 2008

COMO DIRIA ANA CRISTINA CESAR...

discurso fluente como ato de amor
incompatível com a tirania
do segredo

como visitar o túmulo da pessoa
amada

a literatura como clé, forma cifrada de falar da paixão que não pode
ser nomeada (como numa carta fluente e "objetiva").

a chave, a origem da literatura
o "inconfessável" toma forma, deseja tomar forma, vira forma

mas acontece que este é também o meu sintoma, "não conseguir falar" =
não ter posição marcada, idéias, opiniões, fala desvairada.
Só de não-ditos ou de delicadezas se faz minha conversa, e para
não ficar louca e inteiramente solta neste pântano, marco para
mim o limite da paixão, e me tensiono na beira: tenho de meu
(discurso) este resíduo.

Não tenho idéias, só o contorno de uma sintaxe ( = ritmo).

quinta-feira, 3 de abril de 2008

GARIMPO SEMANAL

Depois de agora

A chuva já recomeça:
e o sol ainda resta em frestas
(como o significado da palavra solidão).

O tempo mente o relógio.
Quanto tempo leva?
(uma tristeza para se libertar)

O tic-tac sem pressa...
Uma beleza leva quanto?
(Tempo para germinar)

Quem vai responder,
mesmo que se engane,
saberá que o engano às vezes é bom.

Por dentro
o tempo não pára enquanto
a minha roupa quara,
da janela pra dentro é
o mesmo (tempo.)

Temporal.


Do Poeta Marcos no Sindicato dos Escritores Baratos