quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Entreversos

Venero o verso livre
que não escapa ao poema
- quando se_____ solta _____ na linha,
VIVE
a morrer
na exclamação:

Ó grave tinta escura de superfície
Corajosa, riscas meu vôo líqüido,
Acorrentas vazia o verso sem timbre
Veneno-padrão que morre vívido!

Ressuscita com uma vírgula.
Retira risco por ponto.
Faz virar......................ponta
....................cabeça
o verso branco antes enterrado.

Bocas apojadas salivando antífonas.

Poetas? Não, bibliotecários! Cirurgiões
literários de bisturis estéticos;
reféns do temor de contágio poético;
cozinheiros de rimas;
sobre
.........vivem nas mesinhas de cabeceira.
- Vamos exaltar o criado-mudo!
- Avante, Lirismo! Ô conFORMismo! Ostra-
cismo.

contudo que seja ação:
metrificação

- Realmente, Coronel! Você, Soberano
Lirismo.
- Tens uma alma bem cruel. Eu cismo?

Trago os alfarrábios no braço.

Suporte teórico em signos embebido
Rebuscas grotesco minh'alma de crassície.
Onipresente, destoa do tempo a calvície
Com o poder do trono a ti concedido.

É que de repente explode um son...
eto eto eto - ecoa na memória nua,
palavra que desperta a tentação
de rimar com crua, lua, tua...

Tua mão delicada outrora me disse.
Quão tonto nos deixa o efeito cumprido
É demais o perigo d’esse fazer tímido.

E é antiga e escura daqui a imundice.
Intensa atenção recolhida do ouvido.
Ó som retumbante que me és típico!


con-vida à caixa de ressonância
- o Tempo, este passeio cíclico;
este desperdício de; lágrima
desMANCHA versos no papel
e não apaga as linhas do Passado.

(é que eu me inspirava em Quintana,
enquanto Ele gritava: Quintilha!)

Por Aline Gallina e Priscila Lopes

19 espinhos:

J.R. Lima disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Priscila Lopes disse...

Anônimo, tive de deletar um de seus comentários por considerá-lo "rudemente ofensivo", sem nada a acrescentar em torno da literatura.

Contamos com sua colaboração para manter o blog aberto a comentários anônimos. Comportamentos como o seu acabarão por nos forçar a exigir "identificação".

PARA VOCÊ: Camões (1524-1580)
PARA MIM: Mario Quintana (1906-1994)

Dizia ele:

"Se é proibido escrever nos monumentos, também deveria haver uma lei que proibisse escrever sobre Shakespeare e Camões."

* * *

Pertencer a uma escola poética é o mesmo que ser condenado à prisão perpétua.

* * *

O que mais enfurece o vento são esses poetas invertebrados que o fazem rimar com lamento.

Aline Gallina disse...

Pois é Rodolfo! Não é bem um manifesto, mas pode entrar na linha de uma crítica contra as pessoas sem instrução literária, que imaginam ser toda a poesia, por obrigação, composta por métricas e rimas. É claro que se arriscar - para os conhecedores de toda forma literária - é sempre válido.
Obrigada por suas visitas!

Anônimo disse...

Cara Priscila e Aline
e bom lê-las, pela remoção vejo quanto incómodo há por aí... Amanhã aqui virei para uma releitura mais atenta. Um grande abraço e viva o vosso projecto. Tenho encontrado poemas inovadoríssimos !
Força bravas !
Abração do anónimo deste lado do atlântico.

Anônimo disse...

Olá.

\-_-/

Cá estou eu.
Acrescentar algo à vossa "literatura" é dizer que vocês são geniais ?
Boa!
Tenho feito uma crítica baixa
ao que escrevem, porque assim o entendi. Na verdade isto tem sido uma brincadeira,peço desculpa, mas...Sejamos francos, penso que vós sois uns bons manipuladores de palavras e de frases nuas de metáfora e quando acontece algo nas vossas intenções, é uma luz pouco intensa, (os fotões são muito fracos).
Li um elogio a vocês de alguém que escreve bem, mas ele apenas quiz ser simpático.
Bom.
Je m'en vais, aurevoir.

Aceitem as críticas com um sorriso nos lábios. Um dia não serei mais anónimo.Vão ficar surpreendidos!?
CIAO
CIAO

Anônimo disse...

Anónimo,
não preciso ir em socorro de Priscila e de Aline nem elas o consentiriam , mas diga-me lá entendido em manipulacões, o que é crítica baixa ? Se assim o adjectiva o juízo que faz é da sua estatura. Consegue então outros?
Faz crítica baixa porque não sabe fazer outra e então passa ao carácter por figura de retórica é?
Isso é fascismo encapotado.
O que é isso de poesia sem metáfora ? Onde encontrou isso? Em que seita anda nadando em que àguas de Aristóteles?
O que mais abomino na critica de baixa estatura é o
carácter e subdesenvolvimento línguístico e nomeadamente a sua outra face, se assim quiser o subdesenvolvimento simbólico. Só estou a referir-me a fase primitiva de Saussurre em que ficou. Se pudesse ao vivo mandava-o ca- gar , a minha costela é nestes casos vispertina.
A bancar o poderoso, passar bem !
Anónimo aqui e na blogosfera.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

\-_-/

Esqueci algo.
Vocês são Brasucas!?
Está tudo dito. Os brasucas são todos diplomados e licenciados;
doutores, engenheiros, arquitetos,químicos,magos,curandeiros naturalistas, bruxos, expertos de religião e sei lá mais o quê. É como que um xalavar de cultura. Conhece-os bem de Portugal e do Brasil também.
Depois deste grande afluxo de imigração para cá, a vossa reputação é de uma tristeza franciscana.
Bom, não seja por isso cara!
Ominóna

Aline Gallina disse...

"... selecionar e organizar uma mão cheia de palavras pomposas e chamar-lhes poemas."
Nossa! Isto prova o quanto o senhor não está a par:
1º. Da nossa lingua portuguesa-brasileira;
2º. Das intenções do nosso blog, tampouco dos poemas (incrível como não entendeu nenhuma das metáforas feitas e não percebeu a crítica que havia por trás delas);
3º. Das culturas do mundo e nem sequer percebeu que as socedades são divididas dentro do país também em comunidades (credo, profissão - se você é especializado em mais de uma hoje em dia você é mundo bom e pessoas como Leonardo Da Vince eram: doutores, engenheiros, arquitetos,químicos e muito mais - interesses em geral).
Talvez seja porque somos uns "brasucas"(e isto eu digo só a você)que conseguimos entender melhor o que nos acontece ao redor. Talvez porque temos esse "xalavar de cultura" que tudo fica mais claro.
Ciao(como os italianos... ou tchau - eu prefiro!)

J.R. Lima disse...
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Priscila Lopes disse...

Ao Anônimo das críticas construtivas:

Conte-me, como está a leitura de Ana Cristina Cesar?

Ah... braços!

Anônimo disse...

Aqui há muita alarvice, em alguns postes o que me aborrece. Compreendo , desestruturar uma língua é uma forma de poder muito forte, perde-se muita da simbólica em que assentamos identidades , no caso as estéticas dominantes.
Eu aplaudo quando tenho de o fazer, a lingua é uma forma de poder, quem não o sabe, interrogá-la , desmontando-a , mesmo recorrendo ao seu endereço é um atrevimento dos maiores.
Eu gosto da cisão da língua, da ferocidade com que se amontoa o lixo para dele mesmo falar, da explosão de sentidos, do desregulamento dos códigos arcaicos , citar poemas seria aqui uma impostura, como é toda a referência nesse sentido. De uma coisa estou certo , Priscila e Aline , se pudessem cortavam-vos a língua, orgão, mas vocês mesmo assim ficavam com as mãos para com elas trabalhar os ideais criativos porideais poéticos, Só com as mãos ,trabalhariam , não as separando da transpiração ou demais sentimentos de entre eles, a ousadia que para além de um ideal é também um sentimento desinibitório. por isso bem hajam.

Eu gosto da minha língua e ouvi-la ou pressenti-la noutros tons.
Brasucas ou chinocas... não invadem a minha relação com o outro, pelo contrário só me enriquecem, descubro-me no outro e o que há do outro em mim se fala a minha língua tanto melhor se não a fala poderemos encontrar forma de nos entendermos. Acaso da minha vida até sou sociólogo, e não engulo estereótipos, vacinei-me cedo, sem beber líxivia ou usar detergente. Cordialmente
sou o vosso anónimo de Lisboa.
JdRM

Priscila Lopes disse...
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Priscila Lopes disse...

"Eu gosto da cisão da língua, da ferocidade com que se amontoa o lixo para dele mesmo falar, da explosão de sentidos, do desregulamento dos códigos arcaicos"

Diz você, meu colega. E eu concordo. Sinto.

Aqui temos um artista da MPB que canta:

Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?

* * *


No Cinco Espinhos publicamos poesia e a prosa emerge em função disso. Adoro-as. Ambas.

É tudo questão de gosto. É só questão de gosto.

E gosto se discute.