terça-feira, 19 de agosto de 2008

GARIMPO SEMANAL

COISA

Creio que irei morrer.
Mas o sentido de morrer não me comove.
Lembro-me que viver ou morrer são classificações como animais ou vegetais que tenham seu normal ou mais freqüente meio de vida. Apenas faço parte das coisas.
Aceito as dificuldades da vida porque fazem parte do destino – e acredito que sem elas não haveria propósito.
Se me queixo?
Sim, me queixo como quem meramente aceita, e encontra uma alegria no fato de aceitar.É difícil tanto quanto sublime aceitar o natural inevitável.
Sei que o mundo existe, só não sei se eu existo.
Estou mais certa da existência da minha casa na praia do que a existência da dona da casa na praia.

Só sei que a vida passa e não estamos com nossas mãos enlaçadas.

Tudo que existe simplesmente existe, é uma velhice que nos acompanha desde a infância.
A realidade não é uma idéia minha, a minha idéia de realidade é que é uma idéia minha.
Por que será que Deus quis que não o conhecêssemos?
Eu não sou filosófica: tenho sentidos...
Se falo de coisa não é porque sei o que é coisa, mas porque a amo, e amo por isso. Porque quem ama nunca sabe o que ama, nem por que ama, nem o que é amar. Amar é a eterna inocência.
E, ao lerem meus textos – pensem que sou qualquer coisa.


Escrito por Bianca Feijó
Disponível em: http://biancafeijo.blogspot.com/

3 espinhos:

Cris disse...

Meu grande exercício atual é ler e não pensar em qualquer coisa. É achar a beleza intrínseca .Linsos teus escritos.

Bj

Anônimo disse...

O eterno questionamento que vale a pena tentar decifrar. Abcs Fernando Tanajura

Anônimo disse...

Este texto foi muito bem achado...guarda uma reclamação, um ranso que se desfaz em um olhar perpétuo - inocenteconformado...e bonito: um olhar de esperança talvez...terno