domingo, 27 de julho de 2008

Inconfessáveis

Se escrevo é porque não suporto em mim
essa palavra ardente. E porque sufoca-me
o ar dessa enciclopédia aguda, a altura
do penhasco com o qual me defronto
quando penso em saltar - é sempre mais
alto, e maior o risco do tombo. Eu lhe escrevo
e ponto. Mas explico porque me inundam
as lágrimas que castigas ao receber notícias
minhas. Já houve um tempo em que havia tempo
e a gente só ria. Já houve riso, sentido, olhares
que se cruzavam atônitos antes de outro riso
e sentido. Olhares. Houve. E agora não enxergo
motivo para não lhe escrever sobre o vazio
que habita os cômodos - incomoda. É um tapa
o gesto que procuras ao me sentir chegando.
Eu sei que é Janis Joplin a sua dor, e descubro:
O número 2 é infinito. Multiplica-se e se subtrai;
nada harmonioso; inconfessável. Foram os hormônios
da época, eu a perdôo! Eu a perdoarei a cada
sorriso que essa criança esboçar
imitando o seu nome.
imitando o seu nome.

4 espinhos:

Renato de Mattos Motta disse...

Ah, Pri!

Maravilhosas tuas inconfessáveis confissões!
Me senti bisbilhotando o diário de uma musa...
invadindo segredos
voyeurismo consentido...

Beijão,
menina!

Cláudia I, Vetter disse...

Boa!

Bianca Feijó disse...

Uma única palavra para esse poema: Lindo demais!

B.E.I.J.O.S

PS:Eu sei, foram duas palavras, é que não deu para escrever só uma...rs.

Anônimo disse...

ao posar para as fotos diga "janis"





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