Piscam duas faces diferentes para mim:
uma é branca,
a outra é preto e par.
Cera de giz em formato simples
delineia toda a história por trás de tudo.
Um hiato traz a saída e
um grito!
Voa de dentro para frente. Explodiu
o escuro da polpa
Vira de costas e vai embora
Deixa o ímpar carregado, sufocado
Nunca abandonado!
Até a terceira face o devorar em sustenido
Insistido, perseguido.
Oh! Meu Deus o mate agora.
Seu papel está mais do que feito.
Amassa a face e também se vai.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
a terceira face é você
Postado por Priscila Lopes às 12:49 5 espinhos
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Solo Fértil
Um sol me espia na noite
pálido de pavor.
Creio que fotografa as palavras
que não escrevo
e as imprime nesta folha
branca; minha cara,
eu atropelei o que falavas,
porém, está tão vivo - e isto,
sim, me mata.
O teu balão de vida
full gas
O teu ritmo de régua
full time
esvaziam minha paciência lírica.
Dirás que temo o teu ta-
lento... lento... lento....
- mas o passado ecoa,
não cria novos sons.
Temo é que estas criaturas "tapadas"
não enxerguem o clima que faz hoje:
das frutas que o Tempo apodreceu
no solo firme do desprezo.
Postado por Priscila Lopes às 15:06 8 espinhos
domingo, 23 de dezembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
aqui dentro é sempre noite.
aqui dentro eu não perdôo ninguém.
aqui dentro eu tô armado
e há uma revolução em curso.
uma só!
mas que dura há mais de 20 anos.
algo sem igual na historiografia.
(porque fazer revolução para conquistar
uma nação é fácil.
quero ver fazer isso aqui dentro,
onde não há espaço)
Postado por Priscila Lopes às 09:18 8 espinhos
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
COMO DIRIA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE...
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Postado por Priscila Lopes às 14:38 5 espinhos
domingo, 16 de dezembro de 2007
Inglês
Estou com uma mania de
recorrer à tua língua
- ela tira tártaros que obstruem
meu cérebro.
Sou teimosa ao ponto de esquecer
o que ia dizer?
É preferível o tal
............[outro olhar
quase imprescindível,
a ponto de exclamação.
E você nem sequer sabe meu nome!
Postado por Aline Gallina às 10:43 7 espinhos
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Influxo
Eu mereço a mulher que passa
do homem que declama
o poema.
É isso que eu mereço quando
diante da folha branca
a inspiração não chega
- Mas de................................. onde?
......................................................................vem
Há uma hora aguardo por esse momento
em que tu entrarás transparente e nua
e eu a comerei em branco e preto.
Postado por Priscila Lopes às 09:31 4 espinhos
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Compulsão
Um socorro à minha espreita,
caneta tinteiro à minha mão
Não poderia deixar de escrever uma ou duas frases
- uma palavra talvez .
Mato o socorro ao meio.
O papel sangra por vinte segundos, eu acho
que todo o sofrimento é só meu
Guardo a cicatriz até hoje,
- ela não é minha -
mas intriga minha vontade
de enterrá-la de vez.
Postado por Aline Gallina às 11:31 5 espinhos
domingo, 9 de dezembro de 2007
as bordas do "bother"
Gostava de música internacional e lia
poemas de amor, antigos demais
para os sentimentos atuais.
Mostrei alguns dos meus,
- exigente que fui, ou ingênua? -
olhou do papel para o chão e, então,
disse me que não gostava de escritos que falassem
sobre escrever:
"É chato..."
Boring.
Postado por Priscila Lopes às 08:38 6 espinhos
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
da dor
nasce o poema
i
que é amor
i
do amor nasce a dor
i
da dor
nasce o poema
i
que
adormece a dor
i
a dor mede a dor
i
adormecida
i
cumprida,
lânguida,
sinuosa
i
dorminhoca
i
a dor éiiGRA(N)DE, mesmo dor
ooooooiGRA(N)DEiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimin
iiiiiiiiiiiiiGRA(N)DE iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiido
iiiiiiiiiiiii
i
a dor mexe!
i
Shiiiiiiii! Vai despertar a dor.
i
E eu...
i
Nunca mais
i
iiiivou
Aiiiiiiiime
iiiidor
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiser.
i
a
iiinão ser...
i
Alguém aí conhece um bom
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimata dor?
Postado por Priscila Lopes às 10:50 7 espinhos
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
COMO DIRIA ADÍLIA LOPES...
Não quero escrever
mais poemas
não quero escrever
mais
E quero sempre
escrever mais
Escrever o mesmo
haver sempre
nova vez
Não mudar
centro
o Sol
Deus
eu
não mudar
a árvore
de lugar
Não mudar
Não me calar
e calar-me
Cavar branca
a sepultura
como quem faz
uma cama
Correr
como corre
o rio
Para como pára
a pedra
como o caçador
que volta
da caça
de mãos a abanar.
Postado por Priscila Lopes às 09:49 16 espinhos
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Ditado impopular
Quem confere o ferro está ao meu lado
louco por um deslize.
Eu escrevo torto. O correto é so-
letrar o literário para Deus meu! entender.
Continua o te-ar dos dedos perdidos ao
longo do que ficou dito.
Pega o ar do final e chuta para o início:
Ar-te que te fere (in)diretamente.
Postado por Aline Gallina às 22:19 6 espinhos
Psicografia
Eu não sou um poeta.
Eu, na verdade,
- e por favor, segure o riso -
eu nasci um poema,
desses de improviso.
À noite, quando me sento
para escrever,
ouço os suspiros
de Vinicius;
A certeza incerta
de Drummond;
Dou gargalhadas com Quintana;
Paulo Leminski me observa:
- Que bom, que bom!
E de vez em quando,
muito sutilmente,
sinto a mão de Gil Vicente
sobre a minha mão.
Postado por Priscila Lopes às 11:39 4 espinhos
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Entreversos
Venero o verso livre
que não escapa ao poema
- quando se_____ solta _____ na linha,
VIVE
a morrer
na exclamação:
Ó grave tinta escura de superfície
Corajosa, riscas meu vôo líqüido,
Acorrentas vazia o verso sem timbre
Veneno-padrão que morre vívido!
Ressuscita com uma vírgula.
Retira risco por ponto.
Faz virar......................ponta
....................cabeça
o verso branco antes enterrado.
Bocas apojadas salivando antífonas.
Poetas? Não, bibliotecários! Cirurgiões
literários de bisturis estéticos;
reféns do temor de contágio poético;
cozinheiros de rimas;
sobre
.........vivem nas mesinhas de cabeceira.
- Vamos exaltar o criado-mudo!
- Avante, Lirismo! Ô conFORMismo! Ostra-
cismo.
contudo que seja ação:
metrificação
- Realmente, Coronel! Você, Soberano
Lirismo.
- Tens uma alma bem cruel. Eu cismo?
Trago os alfarrábios no braço.
Suporte teórico em signos embebido
Rebuscas grotesco minh'alma de crassície.
Onipresente, destoa do tempo a calvície
Com o poder do trono a ti concedido.
É que de repente explode um son...
eto eto eto - ecoa na memória nua,
palavra que desperta a tentação
de rimar com crua, lua, tua...
Tua mão delicada outrora me disse.
Quão tonto nos deixa o efeito cumprido
É demais o perigo d’esse fazer tímido.
E é antiga e escura daqui a imundice.
Intensa atenção recolhida do ouvido.
Ó som retumbante que me és típico!
con-vida à caixa de ressonância
- o Tempo, este passeio cíclico;
este desperdício de; lágrima
desMANCHA versos no papel
e não apaga as linhas do Passado.
(é que eu me inspirava em Quintana,
enquanto Ele gritava: Quintilha!)
Postado por Aline Gallina às 09:31 19 espinhos
terça-feira, 27 de novembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
E agora? A poesia morreu, o sonho acabou.
Quer ir para Pasárgada. Pasárgada não há mais.
Manuel? E agora?
Postado por Aline Gallina às 14:38 8 espinhos
domingo, 25 de novembro de 2007
Poesia (in)culta
Meus miolos tosqueiam o ar
poético subentendido como culto.
Desculpem-me, mas creio que
não sou poeta. Devo ser mais um
escritor amador, mas amo a dor
que escrever me causa.
Postado por Aline Gallina às 22:02 6 espinhos
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Abstração
Pássaros, pássaros! Passos
sôfregos perpassando o tempo
- e o Tempo é onde?
Vendo os olhos
de uma criança
que chora
(e o verbo é quando?)
Postado por Priscila Lopes às 11:36 17 espinhos
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Trazendo os olhos
Se eu não ouço o que escrevi
é porque insisto em meus olhos fechados .
A surdez dos olhos é a surdez da alma!
Postado por Aline Gallina às 15:40 12 espinhos
sábado, 17 de novembro de 2007
poema-(des)pedido
Quando eu houver partido,
mande lembranças minhas
à vida que não vivi,
por tanto teor comedido
- do desdireito de ir
e vir - conte a ela sobre
o poema-verso-livre
que nunca alcei em linhas
pois preso estaria ali.
Quando eu houver partido
ao meio, juntar as letras
de mim - pois a escrita
me lê, mas o verbo me foge
e meu papel resiste à tinta preta.
Comemorar cada ponto impreciso
das minhas reticências - corre
em minhas veias uma interjeição
que se exclama só, grita, sALTA, (morde!)
Quando eu houver partido
inteira, à maneira de ser oculta,
respeite meus fonemas como
quem não reage ao insulto de
saber-se (con)sentindo o chão
- ordenadamente orientam-se os
críticos
no rio raso da rasura:
por favor, corrijam o meu erro
corrijam-me o erro
corrijame.
Postado por Priscila Lopes às 17:21 13 espinhos
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
e, no espelho,
. . . . . . . . . . . . este que me fita
é mero reflexo?
ou sou eu
. . . . . . . . . quem o imita?Postado por Priscila Lopes às 12:17 6 espinhos
terça-feira, 13 de novembro de 2007
RESULTADO DA ENQUETE
Em resposta à enquete compomos um poema com citações de cada um dos poetas acima.
Intemporalidade Poética
Um galo sozinho não tece uma manhã:
tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
puro
__num
____mo
___mento
__vivo
E há de chegar paciente ao nervo dos teus olhos,
quem está por fora
não segura
um olhar que demora.
Frente a frente, derramando enfim todas as
palavras, dizemos, com os olhos, do silêncio que
não é mudez.
Veja sua poeira cruzando o panorama.
Os ecos que soltamos não retornam.
incompreensível, mas esplêndida língua
se formando ainda, pode ser que se decompondo.
Postado por Priscila Lopes às 13:53 12 espinhos
domingo, 11 de novembro de 2007
Solidão
Ainda não amanheceu aqui.
Estou só,
acompanhado do sujeito inexistente
e da penumbra
que teima descolorir em cinza.
Podem-se ouvir os grilos
gritam forte saltando da cabeça.
A partícula apassivadora agora é
um incômodo.
E o índice de indeterminação do sujeito
solidifica-se quando fecho os olhos.
Postado por Aline Gallina às 18:53 5 espinhos
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
Autor: Paulo de Tarso Aquarone
Disponível em: http://www.pauloaquarone.com/
Contato: pauloaquarone@terra.com.br
Postado por Priscila Lopes às 12:00 8 espinhos
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Oscilação do Tempo
adiantada. Talvez eu esteja
Haverá o dia em que lerão minhas palavras,
mas hoje não:
silêncio, e amarga
a boca o café
preto como a visão nublada
de um crítico.
É o caso de Cruz e Sousa
que quando morto,
esteve mais vivo.
Postado por Priscila Lopes às 18:06 10 espinhos
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Sinônimos
Definição de tudo e do ser e do mais
E do não ser pelo que menos poderia
Sem o porém das exceções
Dos além do mais
Que negam a existência em primeiro grau
Subjetivo de recalque de palavra
Retira o significado e substitui por outro
A decorar os itens diversos
Trazem ambigüidades para os ninhos
Passageiros de meia estrada sem fim
E traz duas saídas para os labirintos
[de uma só entrada.
Perpetuando todos os sinônimos
Avessos dos quadrados
Iguais ao um do espaço paralelo.
Postado por Aline Gallina às 13:17 6 espinhos
domingo, 4 de novembro de 2007
abolindo os cacos
Caçoaste da minha ca-
co - caco - fonia; característica
esquisita: mea culpa. Adminto.
Cada qual com sua mania (bem
clichê) a tua: supera-bundar a
exuberância estrutural extra-
passada. Forasteia a tua bandeira:
extradi(c)ção. Excreta-me a
intratável - em tempo hábil - tão
sonhada abolição.
Postado por Priscila Lopes às 18:08 7 espinhos
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
GARIMPO SEMANAL
o mundo lá fora exigindo minha voz
a essência que me permeia fica quieta
tempos de inverno
sobrevivo olhando a fronte de alguns
à frente de mim mesmo
sou homem de recursos escassos
sei pouco daquilo que emprenha
as vítimas de minha sedução
quase mês sem gritar
quase mês sem soletrar a dor
por isso escamo feito peixe
caixa de carne triste
azedumes contemporâneos
ainda restam gemidos
- melhor -
ganidos palavrosos
deste seu cachorro sem escolhas
Postado por Priscila Lopes às 12:48 5 espinhos
domingo, 28 de outubro de 2007
Desmistificando a fala
Palavra lavrada
era uma pá de palavras
mas a pa-lavra de cara lavada
foi levada à fala.
Palavra em varal
passou pela língua
ninguém a notava.
Bateu no céu-da-boca e fugiu.
Cara de pau essa palavra!
Postado por Aline Gallina às 12:45 16 espinhos
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Ex-posição gradual
O sol me rasteja o verbo
até untar ao céu da boca; eu
mergulho tua saliva em banho-
“Maria biblioteca”, eu te chamo,
“Joãozinho dicionário” (de rimas).
Vamos pular uma linha para fazer um
soneto: vamos, vamos! Que nada, é pura
trova, é um suspiro apenas: hAikAi! Raios!
Não entendo o puritanismo poético, esse zelo
desmedido - tão simétrico – faz sentido formal,
não mexe comigo – não mais – como antes, igual
ao que me tocava; como um ex namorado, passou: um
dia, eu sei, o havia amado, mas, a fila anda, e você está um
pouco, digamos assim, para ser bem franca, bastante atrasado.
Postado por Priscila Lopes às 12:27 10 espinhos
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
GARIMPO SEMANAL
Nudez
O nariz pipa, a pique, vomita o ego.
A máscara não dissolve
Nem absorve a arrogância.
Textos são asas.
Olhos, intérpretes da vida
E da falência da razão.
Palavras voam.
São roupas jogadas ao vento.
Autor: Carlos Alberto Fiore
Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=26041
Postado por Priscila Lopes às 09:30 8 espinhos
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
O Fulano de Tal e "essa menina"
Eu sou o Fulano de Tal,
dono de posses.
És filha de quem, "essa menina"?
Quando eu crescer quero ser inscritora
Hoje o nome d'ela é poeta.
*
Lembra-se do Fulando?
Tinha os dois olhos tortos e as mãos fechadas.
Desistiu do tratamento por ser caro
Quando vai ler, olha para o próprio nariz.
Engraçado ele não se entender!
*
Inscrevo,
porque é para dentro.
Se for para fora é excrevo.
Inscrevo num desdiário
inconfissões.
*
O fulano não gosta de mim,
mas acho que é porque tem o nariz muito grande.
Se eu crescer mais ainda,
quero ser gigante também.
Mas quero que o não-corpo cresça junto.
Postado por Aline Gallina às 17:04 7 espinhos
RESULTADO DA ÚLTIMA ENQUETE
É Poesia - Cacildo Silva
Quando a saudade aperta o coração,
Mas te conformas.
Quando ao ficares só te sentes forte,
Sem solidão.
Quando a imaginação te faz planos,
E o faz bem.
Quando sentes o aroma, são, da vida,
É, dela, a flor.
Quando vês que é sincero o que sentes,
É Poesia.
.
Postado por Priscila Lopes às 14:38 4 espinhos
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Escândalo na Família Gramatical
A Gramática Clássica
é uma senhora pomposa
e histérica: virginiana,
horizontal, matemática,
gorda (obesa!), parnasiana,
madrasta má, professora
de régua na mão, a monarca,
patriota, celibatária, o patrão.
Mesmo com a doçura de um cacto,
teve ramificações - penosas.
A filha da sua filha,
"A Nova Gramática Contemporânea do Brasil",
a visita com freqüência: sagitariana,
transversal, problemática...
cuja quantidade de amantes
se envereda ao inventário
(sem hierarquização)
- Escancaradinha, não?
Postado por Priscila Lopes às 12:15 13 espinhos
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Les poètes, Les livres
Je suis a máscara dos que lêem,
projeto teus olhos ao mundo.
Eu sou tout entière
você também
- se eu quiser -
Ô mortels!
Postado por Aline Gallina às 20:59 5 espinhos
De:Compondo.
O vento folheia a árvore.
Em sulfite A4 branca,
dessas com nome e
sobre-nome escrevo
(uma Pessoa inscrita observa)
In-vento memórias.
Trans-planto impressões.
Descompondo
Escrevendo
Exprimindo
Fernando
Matéria sedimentada de seiva elaborada,
não está ao pé do pé que ali está,
ex-tinta.
Postado por Aline Gallina às 00:18 11 espinhos
sábado, 13 de outubro de 2007
GARIMPO SEMANAL
Contato: nelson_aires@hotmail.com
Disponível em: http://aqui-nao-ha-poeta.blogspot.com/
Postado por Priscila Lopes às 13:54 10 espinhos
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Aos mortos de ressaca
Cintilam faróis so far away
de nós: três ou quatro, cegos;
de tão difíceis de soltar,
saltam em mim faltam
motivos erguidos para não
deitar; e o que é o horizonte?
Contemplo ao longe - alguns
goles mais tarde: - arroto um poema.
Postado por Priscila Lopes às 15:37 10 espinhos
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Com forma
Dentro dos conformes
Com formas emolduradas
Conforme-se com o “tudo isso!”
Sem formas elaboradas
Nem perda de tempo inventada
Fora dos limites da linha.
Para mim com tudo
- até fórmica!
Para ti talvez nada.
Postado por Aline Gallina às 23:14 8 espinhos
Dá licença!
Um dia alguém há de ver poesia
no que os poetas
não enxergam poemas,
e varrer o pó literário.
- Por que não? Varrer.
Qual é o problema
com a ironia?
A falta de decência?
Não.
É só falta de métrica.
Mas, calma lá,
me empresta a régua.
Eu vou contar cada sílaba
para ver se consigo essa tal
licença poética.
Postado por Priscila Lopes às 21:10 9 espinhos
So read
Take me off the words
I'll tell in a few
In a fio.
Take me off the world.
It can be comprehendible
Easy to read if you actually do
- don't forget to open your eyes -
Put the significance
up side down,
play with it
It's legal...
I promisse.
Postado por Aline Gallina às 18:03 5 espinhos
Confessionário
______confissões, mas confesso
que me
...escrevo.
Postado por Priscila Lopes às 14:16 11 espinhos
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Nas tuas mãos
Feche os dedos
Não os deixe caminhar de forma
Forma alguma, aliás
Nem ovalóide – que cabe em qualquer lugar.
Mostre três dedos
- pois com eles já é possível discutir de igual -
Se te fizerem pensar sobre algo banal
E de ti arrancaram um suspiro quando,
No final ainda pensas a respeito.
Abra a mão e sirva-a
De alimento para os olhos de quem for
Porque se a ti não compreenderem
Fazes parte do movimento
- és contemporâneo, meu amor!
Postado por Aline Gallina às 14:54 14 espinhos
Lirismo Farto
Finge que presta atenção, não lê
o que escrevo exige
devoção, as palavras merecem
reverências - pedem a todo momento,
não vês? Que isto é um poema,
não sentimento!
Estou farta de críticas não literárias,
de mensagens de estima e apreço.
Eu escrevo na linha imaginária
do que nem eu mesma conheço.
Postado por Priscila Lopes às 09:56 12 espinhos
domingo, 7 de outubro de 2007
Estrambolia Melancótica
Tenho vontade de mim mesmo
vontade sob consciência de fato,
de tanto que se viveu, e viverá,
os cegos só enxergam minha ausência.
Tenho horror, tenho pena...
E não vale a pena descrever os sentimentos
outros. Mas se invento um novo tento
meu amor é simples como é vário,
e sendo vário é um só. Tenho fome
umbilical por todos que de passado
a contemporâneo me alimentam
e a sede nova-mente é de novo
que em mim se prolonga. A corola
revela levemente suas pétalas
(e cinco espinhos são) na minha mão.
Postado por Priscila Lopes às 18:01 8 espinhos