Um socorro à minha espreita,
caneta tinteiro à minha mão
Não poderia deixar de escrever uma ou duas frases
- uma palavra talvez .
Mato o socorro ao meio.
O papel sangra por vinte segundos, eu acho
que todo o sofrimento é só meu
Guardo a cicatriz até hoje,
- ela não é minha -
mas intriga minha vontade
de enterrá-la de vez.
"um socorro me espreita: a caneta tinteiro em minha mão"
ResponderExcluirVocê se salva.
E para complementar, uma "frasezinha" do filósofo francês: Émile-Auguste Chartier.
"O verdadeiro poeta é aquele que encontra a idéia enquanto forja o verso."
Cinco mil espinhos... somente pra dizer que eu gosto de vir aqui, sempre embora nem sempre comente.
ResponderExcluirUm beijo!
Lau
PS. Meu blog mudou de endereço: www.poesia-sim-poesia.blogspot.com
O velho mito da escrita como sofrimento, não me parece.
ResponderExcluirPoesia momentãnea, de verso de momento, não me parece...
A desmontagem desses mitos, parece-me .Como se faz a escrita; e como os materiais dialogam com o corpo e o tatuam... a cicatriz
gostei. O meu abraço a ambas
jdrm
Primeira vez minha aqui. Deixa eu te contar, então, um poema do Drummond ao qual fui guiado enquanto te lia:
ResponderExcluir"(...) São fiéis, as coisas
de teu escritório. A caneta velha. Recusas-te a trocá-la
pela que encerra o último segredo químico, a tinta imortal.
Certas manchas na mesa, que não sabes se o tempo,
se a madeira, se o pó trouxeram contigo.
Bem a conheces, tua mesa.
Cartas, artigos, poemas
saíram dela, de ti. Da dura substância,
do calmo, da floresta partida elas vieram,
as palavras que achaste e juntaste, distribuindo-as.
A mão passa na aspereza.
O verniz que se foi. Não. É a árvore que regressa."
Cuidem-se. Ótimas.
Gostei!
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