Quem confere o ferro está ao meu lado
louco por um deslize.
Eu escrevo torto. O correto é so-
letrar o literário para Deus meu! entender.
Continua o te-ar dos dedos perdidos ao
longo do que ficou dito.
Pega o ar do final e chuta para o início:
Ar-te que te fere (in)diretamente.
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Ditado impopular
Postado por Aline Gallina às 22:19 6 espinhos
Psicografia
Eu não sou um poeta.
Eu, na verdade,
- e por favor, segure o riso -
eu nasci um poema,
desses de improviso.
À noite, quando me sento
para escrever,
ouço os suspiros
de Vinicius;
A certeza incerta
de Drummond;
Dou gargalhadas com Quintana;
Paulo Leminski me observa:
- Que bom, que bom!
E de vez em quando,
muito sutilmente,
sinto a mão de Gil Vicente
sobre a minha mão.
Postado por Priscila Lopes às 11:39 4 espinhos
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Entreversos
Venero o verso livre
que não escapa ao poema
- quando se_____ solta _____ na linha,
VIVE
a morrer
na exclamação:
Ó grave tinta escura de superfície
Corajosa, riscas meu vôo líqüido,
Acorrentas vazia o verso sem timbre
Veneno-padrão que morre vívido!
Ressuscita com uma vírgula.
Retira risco por ponto.
Faz virar......................ponta
....................cabeça
o verso branco antes enterrado.
Bocas apojadas salivando antífonas.
Poetas? Não, bibliotecários! Cirurgiões
literários de bisturis estéticos;
reféns do temor de contágio poético;
cozinheiros de rimas;
sobre
.........vivem nas mesinhas de cabeceira.
- Vamos exaltar o criado-mudo!
- Avante, Lirismo! Ô conFORMismo! Ostra-
cismo.
contudo que seja ação:
metrificação
- Realmente, Coronel! Você, Soberano
Lirismo.
- Tens uma alma bem cruel. Eu cismo?
Trago os alfarrábios no braço.
Suporte teórico em signos embebido
Rebuscas grotesco minh'alma de crassície.
Onipresente, destoa do tempo a calvície
Com o poder do trono a ti concedido.
É que de repente explode um son...
eto eto eto - ecoa na memória nua,
palavra que desperta a tentação
de rimar com crua, lua, tua...
Tua mão delicada outrora me disse.
Quão tonto nos deixa o efeito cumprido
É demais o perigo d’esse fazer tímido.
E é antiga e escura daqui a imundice.
Intensa atenção recolhida do ouvido.
Ó som retumbante que me és típico!
con-vida à caixa de ressonância
- o Tempo, este passeio cíclico;
este desperdício de; lágrima
desMANCHA versos no papel
e não apaga as linhas do Passado.
(é que eu me inspirava em Quintana,
enquanto Ele gritava: Quintilha!)
Postado por Aline Gallina às 09:31 19 espinhos
terça-feira, 27 de novembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
E agora? A poesia morreu, o sonho acabou.
Quer ir para Pasárgada. Pasárgada não há mais.
Manuel? E agora?
Postado por Aline Gallina às 14:38 8 espinhos
domingo, 25 de novembro de 2007
Poesia (in)culta
Meus miolos tosqueiam o ar
poético subentendido como culto.
Desculpem-me, mas creio que
não sou poeta. Devo ser mais um
escritor amador, mas amo a dor
que escrever me causa.
Postado por Aline Gallina às 22:02 6 espinhos
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Abstração
Pássaros, pássaros! Passos
sôfregos perpassando o tempo
- e o Tempo é onde?
Vendo os olhos
de uma criança
que chora
(e o verbo é quando?)
Postado por Priscila Lopes às 11:36 17 espinhos
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Trazendo os olhos
Se eu não ouço o que escrevi
é porque insisto em meus olhos fechados .
A surdez dos olhos é a surdez da alma!
Postado por Aline Gallina às 15:40 12 espinhos
sábado, 17 de novembro de 2007
poema-(des)pedido
Quando eu houver partido,
mande lembranças minhas
à vida que não vivi,
por tanto teor comedido
- do desdireito de ir
e vir - conte a ela sobre
o poema-verso-livre
que nunca alcei em linhas
pois preso estaria ali.
Quando eu houver partido
ao meio, juntar as letras
de mim - pois a escrita
me lê, mas o verbo me foge
e meu papel resiste à tinta preta.
Comemorar cada ponto impreciso
das minhas reticências - corre
em minhas veias uma interjeição
que se exclama só, grita, sALTA, (morde!)
Quando eu houver partido
inteira, à maneira de ser oculta,
respeite meus fonemas como
quem não reage ao insulto de
saber-se (con)sentindo o chão
- ordenadamente orientam-se os
críticos
no rio raso da rasura:
por favor, corrijam o meu erro
corrijam-me o erro
corrijame.
Postado por Priscila Lopes às 17:21 13 espinhos
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
e, no espelho,
. . . . . . . . . . . . este que me fita
é mero reflexo?
ou sou eu
. . . . . . . . . quem o imita?Postado por Priscila Lopes às 12:17 6 espinhos
terça-feira, 13 de novembro de 2007
RESULTADO DA ENQUETE
Em resposta à enquete compomos um poema com citações de cada um dos poetas acima.
Intemporalidade Poética
Um galo sozinho não tece uma manhã:
tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
puro
__num
____mo
___mento
__vivo
E há de chegar paciente ao nervo dos teus olhos,
quem está por fora
não segura
um olhar que demora.
Frente a frente, derramando enfim todas as
palavras, dizemos, com os olhos, do silêncio que
não é mudez.
Veja sua poeira cruzando o panorama.
Os ecos que soltamos não retornam.
incompreensível, mas esplêndida língua
se formando ainda, pode ser que se decompondo.
Postado por Priscila Lopes às 13:53 12 espinhos
domingo, 11 de novembro de 2007
Solidão
Ainda não amanheceu aqui.
Estou só,
acompanhado do sujeito inexistente
e da penumbra
que teima descolorir em cinza.
Podem-se ouvir os grilos
gritam forte saltando da cabeça.
A partícula apassivadora agora é
um incômodo.
E o índice de indeterminação do sujeito
solidifica-se quando fecho os olhos.
Postado por Aline Gallina às 18:53 5 espinhos
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
GARIMPO SEMANAL
Autor: Paulo de Tarso Aquarone
Disponível em: http://www.pauloaquarone.com/
Contato: pauloaquarone@terra.com.br
Postado por Priscila Lopes às 12:00 8 espinhos
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Oscilação do Tempo
adiantada. Talvez eu esteja
Haverá o dia em que lerão minhas palavras,
mas hoje não:
silêncio, e amarga
a boca o café
preto como a visão nublada
de um crítico.
É o caso de Cruz e Sousa
que quando morto,
esteve mais vivo.
Postado por Priscila Lopes às 18:06 10 espinhos
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Sinônimos
Definição de tudo e do ser e do mais
E do não ser pelo que menos poderia
Sem o porém das exceções
Dos além do mais
Que negam a existência em primeiro grau
Subjetivo de recalque de palavra
Retira o significado e substitui por outro
A decorar os itens diversos
Trazem ambigüidades para os ninhos
Passageiros de meia estrada sem fim
E traz duas saídas para os labirintos
[de uma só entrada.
Perpetuando todos os sinônimos
Avessos dos quadrados
Iguais ao um do espaço paralelo.
Postado por Aline Gallina às 13:17 6 espinhos
domingo, 4 de novembro de 2007
abolindo os cacos
Caçoaste da minha ca-
co - caco - fonia; característica
esquisita: mea culpa. Adminto.
Cada qual com sua mania (bem
clichê) a tua: supera-bundar a
exuberância estrutural extra-
passada. Forasteia a tua bandeira:
extradi(c)ção. Excreta-me a
intratável - em tempo hábil - tão
sonhada abolição.
Postado por Priscila Lopes às 18:08 7 espinhos